APLICAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO

 

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2 - As tecnologias e a Educação à Distância

       2.7 - Videoconferência via rede comutada

                 A conversação entre dois ou mais pontos distantes já é uma realidade. As empresas de telecomunicações disponibilizaram redes digitais de serviços integrados que permitem o tráfego de dados com maior velocidade e segurança há mais de duas décadas. Atualmente os equipamentos de interligação são menores, mais velozes e permitem maior número de conexões simultaneamente.

                 Os sistemas digitais de comunicação permitiram um avanço significativo em âmbito mundial, uma vez que as tecnologias têm sido implantadas quase que simultaneamente nos países de primeiro e terceiro mundo graças aos consórcios internacionais de desenvolvimento tecnológico nas telecomunicações dos quais o Brasil também participa.

                 O sistema Intelsat, por exemplo, viabiliza as comunicações internacionais via satélite e a mesma tecnologia empregada na América do Norte é utilizada também no Brasil. Devido à globalização das comunicações, nosso país se vê obrigado a acompanhar os avanços nesta área simultaneamente com os demais países.

                 Dentre estes avanços, a rede digital de comunicação de dados foi utilizada para a videoconferência profissional, que não é conectada via Internet mas sim via rede digital discada ou não.

                 O equipamento necessário para se estabelecer uma videoconferência é composto por uma câmera de TV para captação de imagens, um microfone para captação de áudio, um monitor para acompanhar sons e imagens vindas do outro ponto.

                  Além destes equipamentos, é necessário um outro que transforme sons e imagens em sinais digitais, converta estes sinais em pacotes de dados, transmita-os via linha física, ou seja os fios do tipo de telefone pelos postes até a operadora de telecomunicações, esta por sua vez entregue o sinal no outro ponto onde outro equipamento deve receber o sinal digital e convertê-los para áudio e vídeo e assim complementar o circuito.

                 Codec é o nome dado ao equipamento responsável por CO - Codificar e DEC - Decodificar os sinais digitais de áudio e vídeo e transmití-los via modem pelas linhas digitais das operadoras de telecomunicações.

                 A figura seguinte apresenta o diagrama do sistema profissional de videoconferência.

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Fig. 1 - Diagrama de interligação de videoconferência profissional

                 Atualmente, os principais fornecedores de equipamentos profissionais para videoconferência são as empresas PictureTel (1) e a VTel (2).

                 As duas oferecem recursos cada vez mais sofisticados para estes sistemas sendo a PictureTel a que possui o maior número de equipamentos em operação.

                 Os sistemas estão a tal sofisticação que o interlocutor de um ponto pode operar a câmera no outro ponto para obter melhores enquadramentos. Estão também disponíveis controles de câmeras e microfones que se movimentam e enquadram o interlocutor comandadas e direcionadas pela voz de quem fala. Quando a pessoa começa a falar o sensor do microfone e da câmera localizam o ponto gerador do som e imediatamente a câmera é movimentada para aquele ponto ajustando, também automaticamente, zoom e foco.

                 Outros acessórios também são disponíveis para a videoconferência profissional: uma câmera extra para enquadramento de fotos, artes, diagramas e outros materiais gráficos, microcomputador multimídia com software de apresentação de slides, fax ligado ao sistema que permite a troca de documentos durante uma videoconferência e outros.

                 Todos estes recursos podem ficar disponíveis no sistema e os próprios interlocutores comandam os cortes para as fontes de imagens opcionais.

                 As linhas utilizadas para conexão entre dois pontos são específicas para tráfego de dados a uma velocidade maior que a das linhas telefônicas. Mesmo assim a banda de passagem é bastante inferior à utilizada pela televisão. Por isso, mesmo sendo sinais digitais, a velocidade ainda não permite a transmissão de 30 quadros por segundo com todos os pixels que detalham as imagens na TV. Por isso o sinal transmitido chega na outra ponta com seqüenciamento de imagens em torno de 10 a 15 quadros por segundo, perdendo a suavidade natural dos movimentos como vemos na TV normal, o que gera a impressão de estarmos vendo as imagens sob o efeito de luz estroboscópica.

                 Para ver este resultado acesse na internet o endereço www.adaptanet.com.br/~willians/videoconferencia. Há uma página com um exemplo no sistema RealPlayer para melhor compreensão desta característica.

                 As operadoras de telecomunicações oferecem linhas digitais para videoconferência que variam de 64 Kbps (quilo bytes por segundo) até 512 Kbps. Quanto maior a velocidade menor o efeito estroboscópico indesejado citado anteriormente.Para efeito de comparação, o modem normal que usamos em nossos micro-computadores domésticos conectados na Internet trafegam dados na ordem de 28 Kbps a 56 Kbps, porém ao passarem pelas linhas telefônicas os dados chegam a trafegar na ordem de 1 Kbps a 2 Kbps. Com o uso das linhas digitais, o resultado é bastante melhor, apesar de não chegar ainda à qualidade normal da TV.

                 Tecnicamente o Codec e o Modem realizam compactação e descompactação em tempo real a grande velocidade, mas a queda de velocidade se dá no meio de transporte do sinal. Não se trata de equipamentos desatualizados utilizados pelas operadoras mas sim, característica do sistema. Não temos ainda o resultado desejado porque a tecnologia disponível ainda não permite este avanço, porém à velocidade como os avanços acontecem teremos em breve videoconferência com a qualidade e velocidade da TV atual.

                 Para evitar que o processo de compactação e descompactação das imagens se torne mais lenta que o necessário, uma dica é utilizar cenários com poucos detalhes. É preferível uso de cores chapadas, sem degradê, em prol de ganhos na velocidade de transmissão. Justifica-se esta conduta pois um cenário com muitos detalhes ou nuances nas cores vai exigir maior processamento. Ausência de detalhes ou nuances permite que o sistema processe apenas o que se altera de um pixel para outro, repetindo os pixels parecidos. O resultado, é um ganho na velocidade.

                 Parece exagero, mas devemos considerar que as pessoas estão acostumadas a assistir televisão com continuidade natural nos movimentos. Na videoconferência os movimentos são artificiais, o que provoca um ruído na comunicação. A interferência deste ruído diminui à medida que o espectador se acostuma com o processo.

                 A videoconferência é normalmente utilizada conectando-se dois pontos por vez. Porém existe a possibilidade de conexão de vários pontos ao mesmo tempo. É a chamada videoconferência multi-ponto.

                 Neste caso necessita-se um equipamento mais sofisticado que recebe a conexão de todos os pontos e gerencia a distribuição de sons e imagens para todos os demais pontos. Por ser um sistema ainda novo tem um custo muito alto e ainda não é disponibilizado com facilidade. Durante esta pesquisa a própria PictureTel não dispunha deste equipamento no Brasil.

                 A videoconferência profissional pode ser ponto a ponto ou comutada.

                 Ponto a ponto é quando o usuário contrata uma linha junto à operadora, sem passar pela central de comutação. Os dois equipamentos de videoconferência nos pontos distintos são conectados como se um estivese ligado ao outro por um cabo. Ao ligar os equipamentos, imediatamente um estaria "vendo" o outro.

                 O formato mais utilizado é o comutado. O equipamento se comporta como se fosse um telefone com imagens. Possui uma linha digital com um número que pode ser chamado como um telefone. Por exemplo, supomos que na Unesp possuamos uma sala de videoconferência conectado em uma linha comutada. No momento de uma reunião pré-combinada com a Universidade do Novo México basta discar para o número do outro equipamento e fazer a conexão como se fosse um telefone. Este é o formato mais prático e barato pois os custos de conexão estarão centrados no tempo da ligação internacional, mais a assinatura da linha digital que, por ser mensal, é mais barata que a linha eventual.

                 Pelas características aqui apresentadas, a videoconferência é um excelente recurso para palestras onde o palestrante está em outra cidade ou outro país e um grupo de espectadores encontram-se reunidos em um auditório. A imagem do palestrante pode ser projetada em um telão e a interação se dá pelo próprio meio.

                 Como conseqüência das limitações técnicas dos meios de transporte de sinais, gráficos parados, fotos, artes ou outros materiais visuais com poucos detalhes e sem movimento são visualizados muito bem na outra ponta.

                 Porém, em função da própria compactação da imagem, detalhes se perdem e o sistema se torna inadequado para aulas que exijam movimentos e detalhamento. Uma radiografia de hemodinâmica que apresente vasos e artérias, com detalhes visíveis pelas diferenças de contraste serão vistas no outro ponto como uma mancha cinza e o objetivo maior, analisar o quadro clínico pela imagem radiográfica, não será atingido. O mesmo ocorre com uma imagem de ultrassonografia.

                 Um vídeo exibido em videoconferência fica bastante prejudicado. Caso uma aula ou palestra exija a exibição de vídeo, é importante produzi-lo respeitando-se as características técnicas do meio, de tal forma que o conteúdo não seja prejudicado.

                 Para uso da videoconferência em aulas à distância exige-se a montagem de salas ou auditórios equipados adequadamente e com coordenador local. Este recurso é mais indicado para palestras uma vez que a videoconferência multi-ponto ainda não pode ser utilizado com facilidade. Mas por muito pouco tempo

1 -

O sistema da PictrueTel pode ser conhecido pela Internet no em www.picturetel.com
2 - O sistema da VTEL pode ser conhecido pela Internet no endereço: www.vtel.com

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